Análise: Atletas precisam entender que não são semideuses

Mais uma vez as redes sociais foram o meio para uma polêmica que envolve um atleta olímpico e o revezamento da tocha. Desta vez, foi o desabafo de Raquel Endres, mulher de Gustavo Endres, jogador multicampeão pela seleção masculina de vôlei, reclamar que teve de comprar a tocha olímpica para Gustavo ficar com a relíquia após ter conduzido o artefato na passagem dele pelo Rio Grande do Sul, seu estado natal.

O desabafo de Raquel, publicado por Gustavo em seus perfis, tem sua lógica. O cara é um baita campeão, representou o Brasil e não teve o direito de receber esse presente?

A mesma reclamação já havia sido feita por outros atletas e ex-atletas, reivindicando para si o direito de conduzir a tocha, ou então o fato de terem sido “abandonados” por ter de pagar as próprias despesas para poder participar do revezamento.

Na Grécia Antiga, quando surgiu o conceito das Olimpíadas, o grego que era um campeão olímpico era venerado por ser um semideus. Numa cultura que valorizava o físico, ser o melhor entre os atletas era um feito comparável ao de um deus.

Mas o que diferencia Gustavo Endres de Carlito Lima, um agricultor de Cratéus, interior cearense, que foi escolhido também como condutor? Assim como Endres, ele não teve o prazer de ganhar a tocha de presente após ter conduzido-a.

O grande negócio do revezamento é que ele transforma os Jogos Olímpicos não num evento exclusivo a semideuses, mas em algo democrático, palpável e aberto a todos. Seja um produtor de mel, um corredor amador ou um campeão olímpico.

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