Análise: Atletismo precisa de resposta contundente contra escândalos de doping

Não havia figura mais adequada para presidir a comissão que investigou o doping no atletismo russo. Dick Pound foi o presidente da Wada (Agência Mundial Antidoping) que deixou a diplomacia de lado e adotou posições radicais contra entidades magnânimas na luta antidoping.

Foi assim nas polêmicas com a UCI (União Ciclística Internacional), durante muito tempo condescendente com o doping na Volta da França. Com a Fifa, Pound ameaçou a exclusão do futebol da Olimpíada caso a entidade não adotasse o Código Mundial Antidoping.

Nos dois confrontos, saiu vencedor. Anos depois, a UCI baniu do esporte Lance Armstrong, maior ídolo do ciclismo. O futebol passou a dar punições mais duras ao doping.

As denúncias no atletismo pipocavam desde o ano passado. Documentário da emissora alemã ARD expôs doping generalizado na Rússia. A Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) burocraticamente prometeu investigar.

Dias depois, foi divulgada a existência de lista de 150 atletas com parâmetros sanguíneos alterados. A Iaaf nada fez.

A avalanche só aumentou. Em agosto, a ARD mostrou que 146 medalhistas em Olimpíadas e Mundiais, de 2001 a 2012, tinham exames suspeitos. Alertada, a federação voltou a varrer as drogas para baixo do tapete.

Era necessária uma ação contundente. E nada é mais forte do que pedir o banimento da Rússia. No mesmo momento, Lamine Diack, ex-presidente da Iaaf, acabou preso, acusado de corrupção, com a sede da federação sendo invadida pela polícia.

Ninguém duvida que o atletismo será uma das principais atrações do Rio-16. Mas, para isso, é necessário resgatar a imagem do esporte com punição severa a quem manchou a principal modalidade olímpica.

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