Análise: Ausência de Nuzman pouco muda estrutura do esporte

Na última semana, logo após a prisão de Nuzman, impressionou o tamanho da omissão da grande maioria das confederações; ninguém quis bater de frente com o chefão do esporte. E há um motivo: com ele, o dinheiro nunca foi um grande problema.

Nuzman foi o grande lobista para que a Lei Piva saísse do papel. Com ela, as confederações garantem a repartição direta de R$ 85 milhões, valor obtido neste ano. No total, o COB chegará a receber R$ 210 milhões com porcentagens das loterias federais.

O grande problema foi a total falta de controle sobre as confederações e o COB. Presidências eternas e uso de dinheiro público para questões que não eram de interesse geral tornam o esporte uma mamata fácil.

E esse sentimento aumentou quando vieram os Jogos Olímpicos, com vultosos investimentos e, como está claro, também sem nenhum tipo de rigor. Foi mais um momento de as confederações terem um agradável cenário para somar dinheiro, especialmente com companhias estatais.

Hoje, as confederações ganham como entidades públicas e gastam como privadas, sem controle. E não há muita indicação de que essa relação será alterada sem Nuzman. O caminhar saudável das modalidades fica a cargo das poucas confederações que se profissionalizaram. As exceções.

Obviamente, o desenvolvimento do esporte brasileiro é de interesse público; ao menos aquele que não envolve alto rendimento. E é muito positivo que as confederações tenham garantida estrutura mínima para serem desenvolvidas. Mas enquanto elas foram terra de ninguém, nada irá mudar. Basta ver o que aconteceu com o futebol após a saída de Ricardo Teixeira. 

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