Análise: Barcelona estuda novos modelos de negócio

Jordi Farré gosta de dizer que é torcedor do Barcelona desde que nasceu. Filho de torcedores do time da Catalunha, aprendeu a andar nas dependências do clube. Chegou a ser amamentado nas arquibancadas do Camp Nou. Um dos candidatos à presidência do Barcelona, ele tem ganhado as manchetes ao mostrar ideias inovadoras para aumentar a arrecadação.

Farré diz possuir acordo com a Botemanía para patrocinar a camisa de treinos da equipe por € 40 milhões por ano. Se a iniciativa não é inédita –Manchester United, por exemplo, já conta com esse tipo de apoio-, agrega renda extra para a agremiação. Boa parte dos times europeus não arrecada um montante desses nem em seu uniforme principal.

O candidato também propõe mexer em outro tabu: a venda dos naming rights do Camp Nou. Recentemente, o Real Madrid anunciou acordo para reformar o Santiago Bernabeu e vender os direitos de nome de seu tradicional estádio por € 425 milhões em 20 anos de contrato com a IPIC (International Petroleum Investment Company), companhia de investimentos dos Emirados Árabes. Otimista, Farré acredita poder arrecadar ainda mais: até € 400 milhões em dez anos. A arena, com capacidade para 98 mil torcedores necessita de reforma há anos.

Outra proposta é encerrar o vínculo com a Nike e criar sua própria marca de material esportivo. Para ele, há grande potencial de faturamento sem a presença de um intermediário nas vendas. Segundo estimativas, mais € 110 milhões por ano poderiam entrar nos cofres do clube. O contrato atual com a empresa norte-americana é de € 30 milhões.

A iniciativa é ousada. E, no futebol só lembro do caso do Southampton, time inglês de dimensões bem menores, que deixou um contrato pouco vantajoso com a Adidas para ser responsável por fabricar seu próprio uniforme. Sem sucesso. Na próxima temporada, a empresa alemã retorna à camisa da equipe.

Por fim, Farré chama a atenção às redes sociais, um dos principais patrimônios do Barça. “Temos que mudar o modelo e transformar isso em dinheiro. Há 600 milhões de seguidores [em diversas plataformas] e zero de arrecadação”, reclamou.

Se irá ganhar uma acirrada disputa contra pesos-pesados da política do clube, como o atual presidente Josep Maria Bartolomeu ou o ex-mandatário Joan Laporta, só o tempo dirá. Caso vença, terá o desafio de transformar factoides em modelos concretos de negócio. 

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