Um dos jornais mais influentes do Brasil nos anos 1960, o Correio da Manhã publicou na época dois editoriais demolidores sobre o governo de João Goulart: “Basta!” e “Fora!” Muitos dizem que esses textos foram o estopim para o golpe de Estado que derrubou Jango, dias depois.
O São Paulo de Carlos Miguel Aidar vive momento de ebulição semelhante. O presidente são-paulino já havia se afastado de Juvenal Juvêncio, antigo aliado. Depois, envolveu-se em confusão quando sua namorada foi apontada como beneficiária de comissão em contrato fechado pelo clube.
Parceiro no empréstimo do ídolo Kaká, o Orlando City rompeu relações com o São Paulo ao cobrar dívida não paga pelo time do Morumbi.
Contratado como CEO do clube, Alexandre Bourgeois foi demitido pouco depois. O episódio estremeceu as relações do presidente com o milionário Abílio Diniz, que tinha dado aval para a contratação do executivo.
A gota d’água foi a briga com Ataíde Gil Guerreiro. Após a saída do vice de futebol, o resto da diretoria colocou seus cargos à disposição, deixando ainda mais frágil a base de sustentação do presidente.
As trapalhadas da atual diretoria aproximam o São Paulo da bagunça que eram Palmeiras e Corinthians alguns anos atrás. Os desmandos levaram os rivais ao purgatório da Série B.
Sem base política no cube, Aidar está à beira de precipício parecido ao de Jango à época dos editoriais do Correio da Manhã. A saída do gaúcho da presidência do país levou o Brasil a 21 anos de trevas. Poucos são-paulinos temem fim semelhante se Aidar cair.