Análise: Brasil precisa entender que patrocinar não é mandar

“Antes de patrocinador, sou torcedor”.

Assim o youtuber Felipe Neto se justificou nas redes sociais após desabafar contra jogadores do Botafogo. Há uma semana, por aqui, eu rasguei elogios à parceria firmada por ele com o clube de coração. O patrocínio feito nos dois últimos jogos do ano ainda pode ser considerado bom para ambos. Desde que se entenda qual é o papel de um patrocinador no esporte.

Felipe Neto, o youtuber, pode soltar os cachorros sobre os jogadores do Fogão. Felipe Neto, o patrocinador, tem um peso maior sobre o que fala. Ainda mais num país que ainda confunde, e muito, patrocinar com ser dono. 

É só ver como se dá a relação da Crefisa/FAM no Palmeiras, em que mais do que patrocínio, o mecenato beira quase a cogestão dentro do clube. Ou, ainda, como mostramos ontem por aqui, como políticos levantam a bandeira do esporte em benefício próprio, com fins meramente eleitoreiros.

Culturalmente, nós confundimos patrocínio com cogestão. Achamos que quem paga parte da conta tem o direito de mandar. E é aí que se dá o enrosco. Sem dúvida que Felipe Neto só extravasou sua frustração de torcedor botafoguense. Mas, na cabeça de muitos, ele, como patrocinador, não poderia fazer isso, afinal ele tem participação direta nesse negócio. Não é. 

Logicamente seria menos drástico se ele fizesse reclamação à diretoria, sem tornar pública sua irritação. Mas, como patrocinador, ele também não deixa de ser só um torcedor, que tem de torcer para o time ir bem, mas que pode cobrar com um pouco mais de peso se o resultado não é alcançado.

O bom patrocínio é aquele em que todos sabem qual é o papel de cada um nessa história. E isso não é fácil.

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