Análise: Brasileirão pode virar subproduto até no Brasil

O descaso com que o futebol no Brasil trata a organização de seu principal campeonato poderá fazer com que, no futuro, até mesmo por aqui o Campeonato Brasileiro se transforme num subproduto, como costuma ocorrer em países com quase nenhuma tradição dentro do esporte.

Se, antes, o problema de não se criar um produto “Brasileirão” afetava os planos de expansão internacional do futebol brasileiro, agora isso poderá ser prejudicial dentro do próprio país.

Nos próximos anos, a Liga Espanhola entrará com força por aqui. O movimento deverá ser seguido por franceses (ainda mais se houver o efeito Neymar), ingleses (ancorados em Gabriel Jesus) e alemães. E, o que antes era só um entrave para o Brasil lá fora começará a virar ameaça interna.

Desde os anos 80, quando a Europa começou a ser compradora de atletas do mundo todo, o Brasil se conformou em ser exportador de pé-de-obra. Produtor natural de talentos, nos acostumamos a exportar o nosso artista, e não a nossa obra completa.

O problema é que, há uma década, a Europa percebeu que não havia mais a cultura arraigada fortemente nos clubes, e havia brecha para começar a se tentar fazer negócios por aqui. A queda da economia e a incompetência na gestão dos clubes brasileiros ajudaram ainda mais no avanço estrangeiro.

Potencialmente, o mercado brasileiro já é forte o suficiente para gerar o dinheiro (de mídia, licenciamento e patrocínio) para que os clubes sejam ricos o suficiente para bancar um Campeonato Brasileiro forte.

O problema é que o Brasil ainda insiste em desdenhar dessa necessidade. E, daqui a pouco, teremos o futebol nacional como subproduto por aqui.

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