Análise: ‘Calamidade’ é mancha inexorável à organização do Rio 2016

No último domingo, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarou que o Estado de Calamidade Pública, anunciado na última sexta-feira, “não é um problema olímpico”. Argumenta, para isso, que os Jogos atraíram investimentos para a cidade. Pode até ser. Mas tentar desprender da população a crise ao evento é uma missão impossível.

A conta é simples: nada será razoável quando a população estiver sem serviços básicos e enxergar investimentos que passam de R$ 20 bilhões para que os Jogos Olímpicos funcionem conforme o planejado.

Isso sem considerar aquela camada da população que não irá desassociar a construção de estádios à falta de saúde ou educação. Todo o esforço do comitê do Rio em mostrar que as instalações olímpicas são provenientes de recursos privados invariavelmente irá por água abaixo. Será mais uma dura conta a ser paga graças a anos de Governo de Estado incompetente.

O Rio 2016 perdeu duas vezes na última sexta-feira. A primeira vez foi esse entrave em sua imagem. Infelizmente, a agenda negativa cerca os Jogos Olímpicos assim como cercou a Copa do Mundo. O evento é carregado de desconfiança, fruto da descrença da população com seus governantes. A declaração de calamidade pública foi o golpe final na credibilidade do governo atual e dos anteriores.

A segunda perda é consequência direta. Se várias obras de infraestrutura já sofriam de atraso, agora elas estão autorizadas a morrer. E o grande legado olímpicos ficará para a próxima.

O Rio 2016 deverá ser um grande sucesso como evento, mas como agente transformador do Rio de Janeiro, o fracasso é quase inevitável.

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