Se os regionais saírem do papel em 2016, o calendário de um clube brasileiro terá uma oferta de nove torneios durante a temporada. Não perca a conta: Estadual, Regional, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores, Sul-Americana, Suruga Bank, Recopa e, com performance exemplar, o Mundial de Clubes. A equação de quem pode jogar o que é tão confusa e irracional quanto a ideia de adequar a agenda já apertada do futebol nacional a uma nova competição.
Esqueça a paixão, a chance de acompanhar seu clube de coração na TV semanalmente, os troféus e os títulos. Os dois campeões nacionais de 2014, Cruzeiro e Atlético Mineiro, jogaram no ano passado 70 e 68 vezes, respectivamente, o que dá uma média de um jogo a cada cinco dias. Falta fôlego nos pulmões dos atletas, no bolso dos torcedores e no investimento dos patrocinadores para tantas partidas.
O calendário inchado empobrece o futebol como produto. Torna o esporte desinteressante do ponto de vista do negócio. Banaliza a relação com o torcedor.
Mais uma vez, vale a máxima de que menos é mais. Em vez de seguir motivações políticas e ressuscitar torneios que não deram certo no passado, a discussão deveria girar em torno de como transformar o futebol em algo viável do ponto de vista financeiro. Menos pontuais, mais patrocinadores fixos. Menos jogos, premiações adequadas ao mercado. Mais qualidade, ingressos compatíveis com a situação econômica do país.
O futebol brasileiro grita por uma reforma estrutural que, certamente, não virá atrelada a mais jogos. Longe de lideranças arcaicas, vai ser mais fácil do que parece.