Após a sequência de escândalos que abalou a imagem da Fifa nos últimos anos, a candidatura de Canadá, Estados Unidos e México pode representar uma oportunidade imensa da entidade recuperar prestígio.
A primeira questão é a força da simbologia da união da América do Norte em meio à política de Donald Trump, eleito com a promessa de construir um muro na fronteira com o México para evitar novas imigrações. A Copa do Mundo de 2026, pós-Trump, na região seria um grito contra as políticas de segregação imposta pela maior nação mais rica do planeta.
Simbolicamente, seria um público contraponto à rigidez de Putin na Rússia e às terríveis condições trabalhistas no Catar. E uma história bonita por trás do Mundial é muito do que a Fifa precisa nesse momento para repaginar sua imagem.
Além disso, seria um retorno a um grande mercado. Nesse caso, ao maior mercado do mundo. A Fifa viu nos últimos anos a saída de grandes marcas globais, como Sony, Emirates e Johnson & Johnson, para a entrada de companhia chinesas e russas, como Wanda, Hirense e Gazprom. Com Estados Unidos e Canadá, é impossível não imaginar a volta de marcas líderes de mercado.
O maior problema para a Fifa está justamente em Donald Trump, que dificilmente ficará contente com um evento que simbolicamente o agride. Para realizar o Mundial nos três países, é preciso mais que o apoio das federações e da Concacaf. É necessário o apoio do Estado para que o evento saia do papel. A sinergia com o governo costuma ser bandeira em candidaturas de Copa e Olimpíada. Nesse caso, será um enorme desafio.