Análise: CBF prefere dar W.O. para o calote

A greve dos jogadores do Figueirense que resultou no vexatório W.O. dado pelo time catarinense em jogo da Série B do Campeonato Brasileiro é mais um sinal de alerta que a CBF parece ignorar solenemente. Há dois anos, o Mogi Mirim já havia vivido a mesmíssima situação, mas na Série C. Será que, em 2021, quando houver um W.O. provocado pela falta de pagamento de salários a um time na Série A, a entidade responsável pelo futebol vai finalmente acordar???

A CBF parece tratar a situação do calote como os jogadores do Figueirense. Ela acha melhor não colocar o time em campo. Só que, diferentemente dos atletas, que usam a fuga da partida como forma de tentar chegar a um acerto para uma situação insustentável, a CBF é quem teria, a princípio, todas as condições de mudar a história.

Ela é quem comanda o futebol. Ela não poderia deixar um clube filiado a ela chegar a uma situação deplorável de não ter como pagar os atletas e, mais do que isso, não se preocupar em quitar os débitos. Como gestora do futebol brasileiro, a entidade precisa ter certeza da condição financeira dos clubes que jogam seus torneios. Ela não pode permitir que um clube não tenha como pagar todas as contas até o fim do ano. Se não dá, não joga! 

Em 2014, o Franca quase foi excluído do Novo Basquete Brasil (NBB) por falta de dinheiro. Mais tradicional time do basquete, ele só pôde jogar a competição depois que deu garantias de que tinha como pagar os salários. Desde então, se algum clube não tem condições financeiras para jogar a temporada do NBB, ele nem tem a licença para disputar o campeonato. 

Nesta quarta-feira (21), mais uma vez os jogadores do Figueirense fizeram um pedido para a diretoria: quitação dos salários de funcionários do clube e dos atletas das categorias de base para o time ir a campo no sábado (24). Até agora, os dirigentes não se manifestaram. Pior: o site do Figueirense, que rapidamente respondeu ao W.O. da terça-feira (20) acusando os jogadores, já emitiu nota com os procedimentos para a imprensa se credenciar para cobrir o jogo que provavelmente não vai acontecer.

Ironicamente, justamente nesta semana a CBF lançou uma campanha em que pede respeito. Especificamente, respeito ao jogo e ao árbitro. Mas como é possível pedir respeito se a própria entidade não faz nada para respeitar quem é a essência do jogo?

As coisas só vão melhorar quando o futebol brasileiro parar de dar W.O. para a questão do calote e entender que ser saudável financeiramente é vital para ser grande.

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