A Chapecoense viveu ontem o que precisa ser o último momento da tragédia que vitimou seu time ano passado. Ok, em 29 de novembro haverá a homenagem de um ano do assombroso acidente aéreo que interrompeu uma linda história que vinha sendo construída pelo clube catarinense. Só que é fundamental a Chape encerrar a vitimização da própria tragédia.
A goleada imposta pelo Barcelona por 5 a 0 não pode, nunca, ser motivo de orgulho para o time catarinense. Sim, foi lindo ver Follmann e Neto darem o pontapé inicial ao jogo, Alan Ruschel em campo novamente. Mas a Chapecoense corre um sério risco de virar refém da própria tragédia vivida.
O que construiu a reputação do clube nos últimos anos foi a performance dentro de campo. E foi ela quem levou o time até a final da Sul-Americana que tragicamente não aconteceu.
A página, porém, precisa ser virada. O clube precisa sempre lembrar de seus herois e não apagar a marca da sua tragédia. Mas não pode viver preso dela para sempre. Ver o time ser humilhado pelo Barcelona em pré-temporada não é o melhor caminho para reconhecer a equipe como uma marca mundialmente conhecida.
Muitas vezes defendemos a presença mais constante do marketing no futebol. Mas é preciso, sempre, reforçar que o mais importante de uma entidade esportiva é a sua performance.
A Chapecoense precisou até mesmo peitar a CBF para poder disputar o jogo de ontem do Barcelona. Colocou um time reserva em campo no domingo, pelo Brasileirão. E forçou o adiamento de uma partida no torneio. Tudo isso para ser homenageada mais uma vez. Perder por 5 a 0 é um dos piores presentes que o clube ganhou.