O pesado duelo envolvendo a NBA e a China no começo de outubro gerou sequelas que foram além do prejuízo comercial. E, a julgar pelo comportamento chinês após mais uma polêmica, dessa vez envolvendo a opinião do meia alemão Mesut Özil, do Arsenal, parece que a briga com a NBA fez os chineses aprenderem a como lidar com a liberdade de expressão.
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Özil foi muito mais enfático em acusar os chineses de perseguirem a minoria muçulmana do que Daryl Morey, gerente geral do Houston Rockets, foi ao defender a liberdade da população de Hong Kong. A diferença agora é que, ao contrário da crise com a NBA, em que o governo chinês boicotou a liga financeiramente e pediu a cabeça de Morey, o foco das retaliações ficou no camisa 10 da equipe londrina.
Após uma primeira atitude de impedir a transmissão de um jogo do Arsenal para o território chinês, o governo local não fez qualquer exigência ao clube ou à Premier League. Já em relação ao atleta…
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Representantes do governo sugeriram que Özil estivesse enganado e até abriram o convite para que ele conheça a região que acusou de perseguir a minoria muçulmana. Agora, a empresa que licencia o game Pro Evolution Soccer “limpou” dos registros a imagem do jogador do Arsenal.
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Apesar de ainda ser uma afronta absurda à liberdade de expressão de Özil, o comportamento chinês mostra que a briga com a NBA deixou suas marcas. Essa mudança de comportamento, respeitando o pensamento ocidental de que a pessoa tem o direito de se expressar, sem que isso represente o endosso do clube para o qual ela trabalha, é uma tremenda evolução dentro de um país desacostumado com o confronto de ideias e a existência de pensamentos distintos dentro de uma mesma sociedade.
Agora, porém, os chineses mandaram a bola de volta para o Ocidente. Apesar de não representar a opinião do Arsenal sobre o assunto, o clube inglês não pode permitir que seu funcionário seja boicotado apenas por ter emitido sua opinião contrária ao governo de ocasião. Por mais que isso signifique perda de negócios em solo chinês, o Arsenal precisa entender que seu principal cliente não vive no Oriente.
A China mostra que aprendeu com os excessos cometidos com a NBA há dois meses. Agora cabe esperar que o Arsenal, assim como fez a liga americana de basquete, decida defender o seu funcionário, por mais que não concorde, necessariamente, com a opinião emitida por ele. O silêncio do clube inglês não pode continuar.