Análise: Clubes, como marcas, têm responsabilidade em posicionamento

Em meio à polêmica da aprovação da lei que despenaliza a violência doméstica contra mulheres na Rússia, a Nike divulgou, na última semana, um vídeo forte. Uma garota que canta clichês de gênero muda o discurso ao avistar grandes atletas mulheres. Foi um grito feminista em um mercado claramente conservador.

Talvez ao pensar exclusivamente em mercado a curto prazo, jogar com a maioria e fugir de polêmicas seja a atitude mais inteligente. Mas grandes marcas, que sabem de sua grandeza, tem a noção que essa é uma linha míope a ser seguida. Grandes marcas falam, falam alto, e têm responsabilidade em seu meio. O posicionamento politicamente correto é, invariavelmente, um caminho mais louvável.

Nos últimos dias, clubes brasileiros têm atuado de modo distinto na hora de se posicionar sobre assuntos delicados. E dois casos mostram caminhos diferentes. No clássico entre Flamengo e Botafogo, ambos os clubes foram desastrosos em suas redes sociais. O primeiro pela absoluta falta de sensibilidade, o segundo pela resposta agressiva. De maneira geral, ambos ignoraram a morte de um torcedor e elaboraram um discurso para a maioria, teoricamente sem erro.

Foi o caminho contrário que trilharam Corinthians e Palmeiras nesta semana, com uma série de ações em conjunto. Difícil, pelo histórico recente, que exista continuidade na iniciativa e que não haja derrapadas nas redes sociais, com excessos contra rivais em um ambiente tão hostil. Mas, certamente, é o mais saudável.

Clubes de futebol precisam adotar uma postura mais responsável para servirem de plataforma mais confiável entre empresas e seus próprios torcedores. Se tiverem receio, basta lembrar que Nike peitou até Vladimir Putin pelo o que entendeu ser mais correto.     

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