Análise: Clubes devem se livrar dos aventureiros

Há um discurso teórico que executivo de marketing do futebol detesta ouvir: clubes de elite deveriam se relacionar apenas com as grandes marcas do mercado, líderes de seus segmentos. É uma questão de valorização da imagem institucional das equipes que, mais fortes, podem almejar parceria entre aqueles que mais possuem verbas. Hoje, muitos fazem o contrário.

Na prática, o executivo fica irritado com essa afirmação porque ele não encontra espaço entre as grandes marcas. Se dependesse delas, os times ficariam sem patrocínio. As grandes empresas, com exceção dos fornecedores de material, têm resistência aos clubes, seja por falta de credibilidade do segmento ou por não verem retornos concretos com o que é oferecido. O problema é que esse distanciamento fica ainda maior toda vez que uma equipe fecha acordo com companhias aventureiras. Algo que acontece a todo momento no futebol nacional.

Agora, com a Universidade Brasil, o Corinthians se consagra como o campeão nesse quesito. Nesta década, o time ficou a ver navios com o Apito Promocional, Apollo, Winner, Klar e Valle Express. Marcas que ninguém havia ouvido falar antes de fechar com o time paulista e que, por motivos diversos, deixaram a equipe.

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O clube, no entanto, está longe de ser o único do país nessa situação; a próprio Universidade Brasil havia fechado com Flamengo e Atlético-MG. A lista é extensa, com a já citada Valle Express no Fluminense, Ordenext no Botafogo, Inoovi no Athletico Paranaense, entre outros casos recentes. O tricolor do Rio de Janeiro chegou a encerrar um contrato com a Adidas para apostar na Dryworld, que não arcou com o combinado e logo deixou a equipe.

Sim, é verdade que pode não ser nada fácil conseguir um bom acordo com as grandes companhias do mercado. Até porque aquelas que se arriscaram nas duas últimas décadas sofreram bastante, casos de Samsung, Fiat e Pirelli. Mas, para recuperar a credibilidade, é fundamental se afastar dos aventureiros, aquelas marcas totalmente desconhecidas.

E, nesse caso, o executivo do futebol não poderá reclamar. O próprio Corinthians é prova disso, já que mesmo nesse cenário adverso conseguiu um acordo com a Totvs. O time também conta com acordos com BMG, Positivo e Estrella Galicia, companhias que não são líderes de seus segmentos, mas que são sólidas no mercado e que gozam de prestígio. Não há motivo para aceitar a conversa daqueles que não estão nesse mesmo status. Afinal, é a imagem da instituição que fica em jogo.

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