A moda dita o mercado de camisas de futebol já tem alguns anos. Dessa vez, o regresso aos anos 90 deixou isso ainda mais claro, com todas as marcas fazendo referências diretas à década em seus lançamentos.
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O que é interessante, porém, é ver que essa tendência que acaba interferindo no consumo das pessoas globalmente acaba ficando subaproveitada pelo futebol. Se a moda decide apostar numa comunicação específica, o consumo das pessoas volta-se para tudo o que é referente àquela década. O estilo do cabelo, das roupas, alguns hábitos…
E o futebol, que tem a seu favor toda a história daquela década, o que faz?
Entre todos os lançamentos de camisas que foram feitos nesse meio do ano, apenas a Adidas relacionou a camisa diretamente a um jogador que atuou nos anos 90. No anúncio da parceria com o Arsenal, o ídolo Ian Wright foi utilizado pela marca e pelo clube para engajar o torcedor e levá-lo de forma mais direta a consumir. O Barcelona e a Nike usaram Piqué para relembrar os atletas que foram ídolos do time durante os anos 90, e nada mais. No Brasil, a Umbro até criou um “canal anos 90” no YouTube e remeteu a linguagem ao que era o padrão daquela época. E só.
Por que não usar os jogadores do passado para ativar o consumo no presente? O maior benefício que existe no esporte é ter a seu favor a história para reacender a paixão e estimular o consumo do torcedor. Nos Estados Unidos, as referências ao passado são constantes. Por trás disso, além da homenagem ao atleta, está o consumo.
Se os anos 90 estão na moda, por que os clubes não se movimentam para trazer de volta ao protagonismo os jogadores daquela década? Até a Globo relembrou, outro dia, a narração de Galvão Bueno na Copa de 1994 para ativar a novela “Anos 90”. Por que o futebol não consegue fazer o mesmo e recontar sua história a partir do que é moda?
Para quem hoje está na faixa dos 30 a 40 anos, os anos 90 remetem à infância e à adolescência. Imagine só uma Copa Umbro, reunindo os times patrocinados pela marca e os jogadores que fizeram parte daquelas equipes? Com certeza muitos de nós levaríamos nossos filhos aos jogos, gostaríamos de relembrar a história dos craques que embalaram nossos bons sonhos durante aqueles anos de conquistas e, naturalmente, consumiríamos de forma alucinada durante essa forma amistosa de torcer.
A moda volta ao passado para estimular o consumo do presente. O esporte, no entanto, que tem tanta história para contar, raramente faz uso desse recurso para faturar mais.