Análise: Como funcionam os direitos de mídia

Por que uma determinada emissora não exibe este ou aquele jogo? Por que uma outra emissora exibe só parte de um determinado evento? Essas perguntas são muito comuns nos círculos de amigos que até algum tempo atrás tinham pouca informação a respeito deste universo. E confesso que, vindo da área de produção de TV, também demorei um pouco a entender. Muita gente me pergunta sobre isso, então queria aproveitar a estreia neste espaço para compartilhar um pouco do que venho aprendendo ao longo destes 15 anos de negociações.

Quando comecei a negociar direitos de transmissão, nós tínhamos apenas três tipos de mídia: TV Aberta, TV por Assinatura e Rádio. Então, a cláusula que tratava desse assunto era extremamente sucinta. Hoje, com a evolução da tecnologia e o surgimento de novas mídias, essa cláusula cresceu bastante, tanto na relevância, como na sua redação. O que eram algumas poucas palavras, hoje chegam facilmente a uma ou até duas páginas de um contrato.

Respondendo às perguntas lá do início do texto, os direitos de transmissão de um evento podem ser negociados das mais variadas formas. Dependem muito da vontade e criatividade dos dois lados numa negociação. Não existe modelo certo ou errado, existe o que é bom para ambas as partes. Todos devem sair ganhando. 

É possível então que uma determinada emissora compre os direitos de um campeonato, mas não compre todos os jogos. Ela pode ter exclusividade nos jogos que transmite, mas não no campeonato como um todo. Como exemplo podemos citar a situação do Campeonato Italiano até a temporada 2017/2018, que era dividido entre Fox Sports e ESPN. Cada uma tinha seus jogos exclusivos, mas as duas emissoras podiam anunciar ao mercado que tinham o evento. 

Existe outro modelo que é o da exclusividade total, onde só aquele canal pode transmitir um determinado evento. Exemplos? O BandSports é o único que exibe Roland Garros no Brasil. O SporTV é o único com os eventos do circuito ATP 1000 no Brasil. Não importa quantos jogos cada um transmite; ninguém terá acesso a jogos destes eventos, pois os canais pagaram pela exclusividade total da competição. 

Foto: Arquivo Pessoal

Existe também a exclusividade por mídia, onde cada player tem a exclusividade no seu meio. Exemplo? A Premier League que tem os jogos exclusivos em Pay TV na ESPN e na TV Aberta na RedeTV!, resultado de um sublicenciamento negociado entre as partes.

Mas é melhor parar por aqui. Isso já é assunto para a próxima coluna!

* Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil

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