Análise: Liga espanhola tem que decidir o que quer ser

O novo contrato de TV assinado pela Premier League, o maior da história de uma liga nacional de futebol, faz estragos entre seus concorrentes. Os efeitos mais visíveis já aparecem na Liga de Futebol Profissional, da Espanha, que pode ser paralisada por uma greve.

Com o acordo de R$ 22,4 bilhões por três temporadas, o Campeonato Inglês será capaz de pagar cotas mínimas de TV de € 140 milhões para as equipes de pior campanha. O campeão receberá cerca de € 200 milhões. A Premier League estabeleceu um esquema de meritocracia na distribuição da verba. Quanto melhor a campanha, mais dinheiro o clube ganha de cota. Com isso, garante-se um campeonato mais competitivo, com os clubes de menor torcida tendo mais capacidade de fazer frente a Chelsea, Liverpool, Manchester City e Manchester United.

Não é o caso da Espanha, que seguiu estratégia diversa. Lá, cada clube negocia seu próprio acordo de transmissão. Isso beneficiou Barcelona e Real Madrid, que hoje recebem € 140 milhões, ou dez vezes mais do que os clubes de menor expressão. Isso garantiu à dupla a manutenção de elencos milionários e o favoritismo na Liga dos Campeões

No futebol doméstico, porém, o desnível técnico, faz com que o Campeonato Espanhol seja pouco atraente. Para os demais, isso se reflete na montagem de elencos modestos. Essa é a reclamação dos outros 18 clubes da LFP. Para eles, com o acordo inglês, não há mais condições de competir. Ou se negocia conjuntamente, com distribuição mais igualitária, ou irão acumular dívidas a cada ano. No futuro, várias terão que fechar.

A Espanha vive um dilema crucial e terá que decidir qual será o caminho que adotará para seu futuro. Será que vale a pena ter Barça e Real como clubes dominantes na Europa às custas da falência das demais equipes?

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