É inevitável: a Fifa irá mesmo alterar a data da disputa da Copa do Mundo de 2022. Pode parecer banal a programação do torneio em um mês alternativo. O Comitê Olímpico Internacional já fez isso algumas vezes. Em 1968, programou a Olimpíada da Cidade do México para outubro. Há 15 anos, os Jogos de Sydney foram realizados em setembro.
Há uma diferença: as Olimpíadas planejaram desde o início as datas alternativas, minimizando o transtorno para suas afiliadas. Assim, os Jogos já tinham suas datas fechadas desde a candidatura. Não é o que acontece com a Copa do Mundo. O Qatar assinou contrato com a Fifa em 2010 garantindo a realização do Mundial em junho e julho.
Havia a promessa (não concretizada) de se construir estádios climatizados. Diante da impossibilidade de colocar jogadores para atuar sob temperatura que atinge 50ºC, a Fifa rendeu-se ao óbvio: era necessário mudar as datas.
A programação do evento em novembro e dezembro irá render transtornos não só para as ligas europeias, fornecedoras da maioria do pé-de-obra que disputa a Copa do Mundo. Patrocinadores terão quer reprogramar as verbas publicitárias para o evento no final do ano, que irá quase coincidir com os Jogos de Inverno, apenas dois meses depois.
Para aceitar a mudança, as grandes ligas europeias impõem condições. O período de preparação das seleções será reduzido para até duas semanas. O calendário terá menos datas Fifa, como forma de compensação. O Mundial será mais enxuto, com menos tempo de recuperação dos craques entre uma partida e outra. Tudo isso deve afetar diretamente o nível técnico da competição.
Doha fracassou em suas candidaturas olímpicas para 2016 e 2020. No COI, as altas temperaturas da capital qatari têm sido um empecilho para a realização do evento no país. Lições não aprendidas pela Fifa.