Análise: Copa escancara nova realidade da TV

A busca pelo cliente, onde ele estiver. Essa é a realidade que dita o comportamento da televisão nesta primeira semana de Copa do Mundo. Na era multiplataforma e 100% conectada, as emissoras compreenderam que não dá para esperar o torcedor sentar-se à frente da TV para se relacionar com ele.

O Mundial da Rússia traz todos os elementos fundamentais para escancarar a nova realidade das emissoras de TV. Não se pode ficar restrito ao meio em que elas surgiram. É preciso entender que somos cada vez mais multitelas.

É exatamente isso o que faz o SporTV apostar numa estratégia que monitora o público em diferentes plataformas durante o Mundial. A audiência está baixa? Muda-se o estilo do programa. O programa bombou nas redes? Aposta-se mais nesse conteúdo.

De maneira similar, os demais canais esportivos têm usado a Copa para esse mesmo tipo de iniciativa. Produção de conteúdo independentemente da plataforma e da detenção ou não dos direitos de TV.

Essa mudança de percepção é vital para o futuro do negócio da mídia. Não dá mais para tentar ser sozinho. Caso fique restrito a um único meio, a tendência do veículo é ficar restrito a um único público.

É só ver como funciona o Twitter ao longo da Copa. Autodenominada uma rede de “interesses”, a plataforma é o local onde todo mundo debate sobre futebol durante a Copa do Mundo. Ou sobre culinária durante o MasterChef. Ou sobre cinema durante a cerimônia de entrega do Oscar, por exemplo.

As emissoras perceberam que essa é a característica fundamental da nova mídia. Ser completa e perene, em todos os meios, participando da conversa do torcedor. 

A Copa é o melhor evento possível para isso porque ela provoca o debate constante das pessoas nas mais diversas plataformas. Comentamos o jogo no Twitter, postamos fotos no Facebook, contamos história no Instagram. Tudo isso enquanto assistimos à partida na TV. Depois, buscamos a internet e os programas de pós-jogo para continuar o debate acerca do pênalti que não foi, da bola que não entrou, etc.

Se o consumidor percorre todo esse caminho durante uma Copa, por que uma empresa de mídia ficaria restrita a apenas um deles? A TV ainda será o veículo mais interessante para assistir a um evento ao vivo. Mas os veículos de mídia não podem achar que basta existirem ali para que tudo se resolva. Para manter a audiência alta, é preciso entrar na conversa. Em qualquer campo. Ou, nesse caso, em qualquer rede.

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