Conforme prometido, o governo federal soltou uma legislação antidoping que adequa os procedimentos seguidos aqui às exigências da Wada (Agência Mundial Antidoping). Para quem, como eu, cobre o tema há 16 anos, o dia foi empolgante: portaria, medida provisória, decreto, falas e justificativas da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), nota de repúdio de advogados do outro. Não faltou assunto.
Apesar da forte oposição dos STJDs (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de cada modalidade, para quem sonha com um esporte limpo, é sim, positivo um tribunal centralizado e especializado. Mostra que o problema do doping, que mancha o esporte de alto rendimento, ganhou relevância no debate público e importância em nível governamental.
O doping fere os valores básicos do esporte em competições de alto rendimento. Mas está presente também no dia a dia das academias, tornando-se problema de saúde pública.
É fato que algumas confederações faziam um bom trabalho de prevenção e combate ao doping. É certo que muitos STJDs julgavam com serenidade e critério.
Mas é verdade que a maioria das entidades, seja por displicência ou falta de dinheiro, pouco combatia o doping. Alguns tribunais tendiam ao corporativismo, aliviando a barra de seus atletas quando flagrados.
Teoricamente, essas influências ficam minimizadas com uma instância superior especializada no assunto. Procedimentos serão padronizados. Julgamentos ganharão agilidade.
É de se lamentar, contudo, que a comunidade envolvida com o problema pouco tenha sido consultada. O tema merecia debate mais amplo. Não um conjunto de leis lançadas de supetão.