Nem tudo é tragédia na vida da seleção, desde que o momento seja devidamente aproveitado. A fase em campo nunca foi tão ruim, com derrotas tão vexatórias. Mas as altas audiências na televisão provam que o interesse do torcedor pelo time nacional cresceu, e não há nada de estranho nisso.
Há uma clara diferença entre o torcedor que sempre ganha e o torcedor que ganha esporadicamente: o segundo sempre vibra mais. Sofrer nunca fez parte da vida do brasileiro quando se tratava de seleção brasileira. Pois agora faz, e isso torna o time mais humano, mais próximo de todos nós.
Não faltam exemplos disso no mundo do futebol. No Brasil, talvez o mais famoso seja o jejum corintiano. Sem títulos por 23 anos, a torcida cresceu e estabeleceu a identidade de “sofredor” carregada até hoje, mesmo que em campo isso não faça sentido há muito tempo.
Talvez a seleção brasileira precise sofrer um pouco para valorizar conquistas futuras. No jogo contra o Paraguai, pude ouvir um grito na janela em comemoração ao segundo gol. Honestamente, não me lembrava de uma celebração do tipo fora da Copa do Mundo.
Para o mundo dos negócios do esporte, o que vale é a lembrança: a seleção brasileira pode deixar de ser um produto interessante pela sua má gestão. A CBF tem uma série de notáveis problemas extracampo, e é natural que patrocinadores se assustem com isso.
No entanto, derrotas por si só não devem jamais desvaloriza-la. Elas fazem parte do esporte e da vida. Fazem do “vencer” uma experiência mais apreciada, mais inesquecível.