Análise: Croácia dá força à Copa do Mundo como produto global

A Copa do Mundo tem um fator desagradável para o ponto de vista dos negócios: um grupo de campeões que não costuma aceitar novos convidados. Ser pouco equilibrado não é exclusividade do torneio da Fifa, mas é um péssimo argumento para quem é usado como principal ferramenta de popularização do esporte. Com a Croácia na final, anuncia-se uma nova mensagem.

A Croácia tem um bom time e não está na final por acaso, mas será difícil achar alguém que tenha colocado em um bolão o time de Modric e companhia na decisão do torneio. E essa não seria mesmo uma decisão acertada. Desde 1962, quando a Tchecoslováquia ficou com o vice-campeonato, que um país fora da elite do futebol não conseguia esse feito.

Os emergentes têm, sim, tido momentos memoráveis na Copa do Mundo, como a Costa Rica no grupo da morte de 2014, a caminhada de Gana na África do Sul ou a incrível campanha da Coreia do Sul em 2002. Mas, neste ano, a Croácia levou as cavalgadas de uma zebra a um outro nível.

O curioso é que as surpresas não têm sido cometidas pelos emergentes em destaque nos últimos anos. A China, por exemplo, investiu milhões no futebol nos últimos anos, mas não tem tido nenhum sucesso com a seleção. O mesmo acontece com países árabes e até mesmo com os Estados Unidos.

A verdade é que a Croácia não faz parte desse grupo, em que futebol é novidade. O país, com o nome atual ou como antigo membro da Iugoslávia, mantém tradição nesse esporte. Há décadas que existe uma escola de futebol na região, e a modalidade é amplamente abraçada pela população.  

Ainda assim, o país mostra que há caminhos para quem não está na elite da bola. E é difícil mensurar o efeito que uma campanha equivalente teria no mercado chinês ou americano.

O problema é que, no momento em que novos mercados ganham força no futebol e passam a almejar uma presença mais intensa na Copa do Mundo, o modelo do torneio passará por profundas mudanças. Com 48 equipes a partir de 2026, naturalmente o nível técnico cairá. E sem fortes eliminatórias, o movimento mais esperado é que seleções de países com futebol mais bem estruturado tenham maiores vantagens sobre equipes montadas para o Mundial.

O fato é que, independentemente do resultado do próximo domingo (15), a Copa do Mundo de 2018 ficará marcada pela incrível surpresa croata. E, para 2022, já há uma certeza: muitos outros países terão a convicção de que o sonho é possível. Para a Fifa, poucas coisas teriam tanta força na popularização do futebol.

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