Análise: Custo europeu é entrave para estádios no Brasil

O mercado de arenas no Brasil está longe de ser um elefante branco, pelo menos para os estádios que têm times e datas recorrentes. Há aumento de público, publicidade, venda gradual de camarotes. O principal problema está nos custos das estruturas. O Brasil construiu campos de primeiro mundo em um país de terceiro. E, aí, a conta passa a não fechar.

O melhor exemplo está em Itaquera. Em 2010, o Corinthians apresentou o que era uma boa ideia. O projeto da arena era pensado para atender às demandas mais modernas, sem custar muito. O clube, por exemplo, concentrou toda a área de camarotes e assentos VIP em um único prédio, o setor oeste. Originalmente, a construção ficaria inferior a R$ 300 milhões. Foi entendido, então, que um melhor acabamento melhoraria a venda, e o estádio foi apresentado aos torcedores a R$ 350 milhões.

Se fossem mantidos esses valores, sem considerar os juros, o estádio estaria em uma situação financeira muito confortável. Em menos de cinco anos de arena, o Corinthians teve R$ 180 milhões de bilheteria líquida. Somam-se a esse valor os contratos de patrocínio, camarotes, cadeiras VIP e eventos diversos, fatores que aos poucos dão mais força à arena.

Mas não foi isso o que aconteceu. O estádio teve a obra apressada para a Copa do Mundo. Foram aceitas condições luxuosas para receber o Mundial, que envolveu até a construção de um espaço subterrâneo. E ainda foram incluídos detalhes um tanto questionáveis financeiramente, como a inserção do acabamento de mármore por todo o estádio, dentro e fora.

O Corinthians tem hoje um dos estádios mais impressionantes do mundo, mas a um custo que passou consideravelmente da marca de R$ 1 bilhão. O valor europeu veio acompanhado de previsões orçamentárias europeias: bilheterias fora da realidade, camarotes vendidos a milhões, disputa por cadeiras corporativas e o tão sonhado direito de nome. Mas nada aconteceu no ritmo esperado pelo clube.

Publicamente, o Corinthians dizia que o Emirates Stadium, de £ 400 milhões (mais de R$ 2 bilhões), era a inspiração. Mas o Corinthians não está no mercado inglês. O clube arcará com suas contas eventualmente, mas é um enorme peso no orçamento.

As pessoas têm que arcar com suas responsabilidades. O Corinthians é uma associação privada e terá que dar um jeito em seus problemas. Com o Maracanã, o peso não pode ser dos times. É o Governo que terá que resolver a questão.

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