Há duas semanas a CBF cogitou implementar o sistema de uso de árbitro de vídeo para a reta final do Campeonato Brasileiro, mas desistiu da ideia. Ou melhor, foi obrigada a fazer isso.
O motivo não poderia ser mais tosco. A Globo afirmou que ainda não havia capacidade para implementar o sistema na rodada seguinte do torneio.
A situação revela o incoerente que permeia a situação de semiprofissionalismo do futebol no Brasil. Os clubes recebem mais de R$ 1 bilhão pelos direitos de TV da Série A do Brasileirão. Mas não são eles capazes de gerarem as próprias imagens da competição.
Enquanto basquete, judô e, timidamente, o vôlei, já notaram que o caminho para ter mais autonomia está em ser dono do próprio conteúdo, o futebol, deitado no berço esplêndido do apelo com a massa, ignora o básico.
Sem gerar a imagem dos jogos, CBF e clubes viram totalmente dependentes da emissora detentora dos direitos.
Quanto valeria o pacote de transmissão do Brasileiro se a TV não tivesse de pagar para fazer o conteúdo? De que forma seria possível explorar a venda direta para o consumidor? São só algumas perguntas que poderiam ajudar a gerar o interesse de mudança.
Mas como o futebol não é capaz nem de implementar uma inovação na regra por depender da televisão que faz as imagens da competição, como é possível pensar nesse nível de debate?
O futebol brasileiro não merece as cifras bilionárias que possui. Em vez de usá-las para transformar a realidade dos clubes, gasta-se errado na contratação de atletas e dirigentes e pressiona-se toda a cadeia em busca de desempenho.
O maior problema do futebol não é a falta de dinheiro, mas a incapacidade de saber gastá-lo bem.