A oficialização de Paris e Los Angeles como sedes das duas próximas Olimpíadas é um alento e um fracasso para o Movimento Olímpico.
Um alento porque fará com que o COI não passe novamente pelo vexame que foram as últimas eleições. Um fracasso porque não ataca as causas do problema.
Recapitulando: o comitê tem perdido candidaturas fortes, indignadas com os valores do evento. Para os Jogos de Inverno 2022, desistiram da concorrência potências como Alemanha, Suíça, Suécia, Noruega, Ucrânia e Polônia. Para os Jogos de Verão 2024, abriram mão da disputa Alemanha, Itália e Hungria, além da renúncia de Boston, substituída por Los Angeles.
Com recordes de gastos em Pequim 2008 (US$ 43 bilhões) e Sochi 2014 (US$ 50 bilhões), a Olimpíada se tornou inviável para a imensa maioria dos 206 países filiados ao COI.
Para controlar a gastança, o comitê apresentou, em 2013, a Agenda 2020. O documento prometia estimular o uso de instalações já existentes e de arenas provisórias. Também limitava o evento a 10.500 atletas e 310 provas.
De lá para cá, o COI só andou na contramão de sua proposta: aprovou a inclusão de mais cinco esportes em Tóquio 2020. Não contente, ainda incluiu no programa modalidades pouco praticadas como basquete 3 x 3, criado há menos de dez anos. Todas essas disputas precisarão de arenas próprias, onerando ainda mais os organizadores.
Muito mais efetivo para o COI evitar vergonhas futuras seria de fato cortar gastos para que os países que se aventurarem a organizar uma Olimpíada não quebrem sua economia, nem colecionem elefantes brancos. Talvez seja pedir muito.