“Imperialismo cultural”. Foi assim que o sociólogo americano Peter Kaufman, da Universidade Estadual de Nova York, resumiu as críticas às vaias dos torcedores brasileiros. Especializado em sociologia do esporte, o pesquisador comentou o caso em uma entrevista ao site da BBC. “Cada cultura tem seus próprios valores”.
Desde o início dos Jogos Olímpicos, surgiu a discussão sobre o comportamento dos torcedores brasileiros em arenas esportivas. Não foi novidade: nos Jogos Panamericanos de 2007 a “polêmica” já esteve presente. Certamente, as manifestações ouvidas aqui não têm paralelo em outros países. Mas será que isso é realmente ruim?
Parece que, mais do que a exaltação exacerbada pelos atletas conterrâneos, as maneiras de torcer têm aval no próprio esporte, mas no futebol, em que sonoras vaias fazem parte do cotidiano; é quase uma obrigação do torcedor contra o rival. E se esse é o contato mais próximo do brasileiro em um estádio, nada mais natural a migração.
O problema surge principalmente em esportes mais elitistas, em que há uma etiqueta estabelecida ao redor do mundo. Mas limitar a manifestação popular em um ambiente distinto do usual parece uma enorme forma de classismo.
Claro que pode haver alguns exageros que ultrapassem o limite da educação básica, mas, de maneira geral, as vaias são a maior expressão de que o brasileiro tem se divertido nas arenas, tem sido si mesmo em sua essência. Tentar impor costumes estrangeiros nas arquibancadas é lutar pelo insucesso dos Jogos.