A saída de Marcelo Campos Pinto da Globo, em novembro de 2015, foi uma daquelas histórias que deixam os jornalistas com uma desconfiança. O chefão do futebol da Globo desde os anos 90 deixar a emissora em meio ao estouro do escândalo da Fifa não era algo que soava tão desconexo assim.
Desde então, porém, Campos Pinto e Globo tocaram sua vida sossegadamente. O executivo, inclusive, atua hoje em consultoria para o mercado de direitos de transmissão, algo que ele sabe tocar como poucos no país.
Ao mesmo tempo, desde sempre, a Torneos Y Competencia sempre foi uma agência que era análoga à Traffic para o mercado da Argentina. Há pelo menos 20 anos que, para conseguir ter algum direito de transmissão relevante no continente, era preciso passar pelas dobradinhas TyC-Traffic, AFA-CBF.
É por isso, também, que a delação de Alejandro Burzaco tem um impacto enorme para o mercado sul-americano. Tal qual J. Hawilla, ele era um dos coordenadores da divisão de receita e de direitos por todo o continente.
José Maria Marin ainda pode se dizer inocente em todo o Fifagate. Pode ter quem acredite nele, mas o fato é que, se há alguém que pode causar estrago muito maior para o mercado brasileiro do que ele é Burzaco.
Sem as mesmas conexões históricas com figuras graúdas do mercado brasileiro, o que o argentino falar sobre o modus operandi do futebol na América do Sul pode gerar um impacto muito grande nos negócios daqui para a frente.
Uma coisa, porém, parece certa. Do jeito que está o nível da delação, a Fifa terá de refazer o processo de venda dos direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030 para o mercado da América do Sul.