Análise: Desafio da CBF é não pasteurizar o futebol no país

É interessante ver a CBF mais preocupada com o produto Campeonato Brasileiro. Realizar a festa de abertura da competição é o primeiro passo para isso. Anunciar a realização de jogos às segundas-feiras 20h e se preocupar em criar um padrão para a abertura dos jogos, idem. 

São primeiros passos importantes para tirar o futebol do limbo de ser uma prática de atividade esportiva para ser um espetáculo de entretenimento, preocupado em manter o status de prática de atividade esportiva, mas com elementos que gerem o interesse das pessoas e um maior consumo de bens para melhorar o produto final cada vez mais. Mas o risco maior que existe nesse caminho é o de pasteurização do conteúdo que vamos apresentar aos torcedores. 

É legal termos o hino da competição. É bacana que essa música toque na entrada das duas equipes para o campo. Mas esse tipo de atitude não foi a que transformou o Campeonato Brasileiro no grande produto do futebol, que é o esporte mais consumido, com folgas, no país. 

A entrada dos times no campo em momentos diferentes e com os atletas cercados de crianças sempre foi algo genuinamente brasileiro. 

Podemos cumprir o horário de entrada no campo, mas porque não preservar algo que era tão nosso? Cada time entra de uma vez, os jogadores entram cercados de crianças, sem um limite de um ou dois torcedores por atleta, como impôs desde 2014 a CBF aos clubes. 

Lógico que o produto futebol brasileiro precisa melhorar. Mas não podemos pasteurizar nosso conteúdo. Isso também afasta o torcedor.

Sair da versão mobile