“Eu não tenho sangue de barata. Sou torcedor igual a ele”. Assim se defendeu o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, após bater boca no estádio com um torcedor no início deste Campeonato Brasileiro. Bandeira errou. Não é torcedor, é presidente.
Se os cartolas dos grandes clubes fossem contratados por empresas sérias, seriam mais demitidos que os técnicos que dirigem seus times. Na última semana, foi um festival de cenas inadmissíveis para um ambiente minimamente profissional.
Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, teve que ser apartado por seguranças; ele se irritou com um torcedor do Flamengo em um camarote no Allianz Parque. Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, não se conteve e mostrou o dedo do meio a um grupo de torcedores no último sábado. No clássico do fim de semana, o diretor de futebol não renumerado do time chegou a comparar a venda de jogadores a uma diarreia em entrevista coletiva.
Difícil imaginar ambientes profissionais em que essas atitudes não resultariam em justa causa. E é essa a imagem, de verdadeiros marginais, que os velhos cartolas passam quando agem dessa maneira. Paulo Nobre, por exemplo, vive a criticar torcedores organizados. Em que, exatamente, ele foi diferente no Allianz Parque?
Se o presidente não consegue deixar de ser torcedor, então que saiba delegar até mesmo a sua função para alguém que consiga ser consciente da importância do cargo que ocupa. Caso contrário, não adianta se vender como “sério e diferente” no futebol brasileiro.