Análise: Dirigente tem que ser gestor, não torcedor

“Erva daninha deve ser cortada pela raiz. Milton Cruz e Michel Bastos fazem mal ao ambiente.”

“Rodrigo Caio é jogador de condomínio, bonzinho, mas fraco, fraco de futebol e de personalidade.”

“Centurión é uma piada, da piores, horroroso, a bola bate em suas pernas, é uma briga feia, daquelas que faz mal para quem assiste.”

As definições acima não foram ouvidas em algum boteco, ditas por são-paulinos inconformados com a derrota para o The Strongest, pela Libertadores. Apareceram no Twitter de Rodrigo Gaspar, assessor da presidência do São Paulo.

Diante da repercussão, o dirigente apagou os tuítes. Tarde demais. As críticas já tinham se espalhado, como avalanche, por sites e portais. Geraram uma crise adicional e desnecessária em um ambiente já conturbado por duas derrotas dolorosas.

É fato que vários jogadores do elenco são-paulino estão devendo. Mas desvalorizá-los publicamente não é a melhor maneira de superar a crise atual.

Daqui alguns meses, é possível que o São Paulo queira negociar alguns desses atletas. Talvez para desonerar a folha salarial. Talvez porque eles não deram certo no Morumbi. Não será tarefa fácil vender um jogador desvalorizado publicamente por dirigentes do próprio clube.

Há seis meses, Andrés Sanchez chegou a declarar que Pato, uma das contratações mais caras da história do Corinthians, poderia ser emprestado ao Bragantino. O atacante foi parar no Chelsea, mas sua situação encaminha para gerar um grande prejuízo para o time paulista.

Passou da hora de a cartolagem do futebol brasileiro encarar de maneira mais profissional a tarefa de gerir um clube. É preciso que declaração de fanático fique restrita à boca dos torcedores. Que frases de boteco não ultrapassem as paredes do bar. Para o bem da gestão e das finanças do clube.

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