No fim de 2014, o ex-presidente do Atlético Mineiro Alexandre Kalil deu a fórmula para o equilíbrio no futebol brasileiro: “um Pato por ano”. A ironia era com a desastrosa contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians. Mas ela explica bem o porquê que não deve haver otimismo com uma venda mais justa de direito de transmissão no Brasil.
A primeira questão é a absoluta falta de união entre os clubes, explicitada pela falta de filtro do dirigente mineiro. Com raras exceções, como a que acontece entre Grêmio e Internacional, a gestão muitas vezes amadora no país não permite que rivais se sentem na mesma mesa.
Em São Paulo, que até possui um grupo comercial para atender o interesse dos quatro principais clubes, as farpas são públicas. Presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e do Palmeiras, Paulo Nobre, deixam clara a relação rompida. No Rio, a aproximação do Vasco com a Ferj tornou clima pouquíssimo amigável com Flamengo e Fluminense.
Se nem em pequenos grupos regionais a união é possível, uma volta de um Clube dos 13 parece para lá de improvável. A associação, por sinal, foi dissolvida porque nunca esteve próxima de ser uma organização minimamente competente.
Outro ponto na frase de Kalil, esse dito de forma literal, é a incapacidade do dirigente em se organizar e em ver seu segmento com maior plenitude. A discussão, e necessidade, da MP do futebol, é uma amostra do quão difícil é o clube ser sustentável.
E, se a visão em longo prazo é limitadíssima, a possibilidade de união se torna ainda mais complicada.