Análise: Domingo foi de vergonha para todos

Os fatos de domingo no Rio de Janeiro foram completamente desanimadores para quem trabalha com o esporte no Brasil. Daqueles dias em que atuar nesse mercado gera um enorme constrangimento. Ninguém quer fazer parte do patético show de horrores ocorrido no Maracanã.

Após a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, o domingo mostrou que nós ainda somos incapazes de fazer um evento simples, um jogo tradicional entre dois times, com uma taça de pouca importância para o atual momento do futebol.

E essa incapacidade não é gerada pela pouca experiência, mas pelo total amadorismo. As partes envolvidas foram mesquinhas, completamente descompromissada com qualquer coisa. Como resultado, mais cenas de violência, essa que é um dos principais fatores que mantêm o mercado esportivo em marcha lenta.

O Vasco tem direito ao Setor Sul do Maracanã desde a fundação do estádio, em um acordo histórico e tradicional no Rio de Janeiro. Ninguém pede para que as tradições sejam quebradas. O assustador é que haja a incapacidade de dois clubes, que têm basicamente o mesmo interesse, conseguirem sentar em uma mesa para chega a um denominador comum.

Isso, claro, sem contar a Justiça do Rio de Janeiro, que claramente mostrou não ter a menor ideia do que seria mais razoável para esse tipo de situação. O que, aliás, não é nenhuma surpresa.

Mas talvez o que mais indigne seja a Federação de Futebol do Rio de Janeiro. A Ferj tem, recentemente, apostado em uma modernização de sua imagem. Implementou compliance na gestão e tem investido em uma comunicação mais forte para atrair público e patrocinadores. Só que, com um caso desse, fica tudo em vão. E era papel dela, organizadora do evento, evitar esse tipo de papelão. No fim do domingo, ficaram apenas os hashtags no Twitter da entidade: #OMaisCharmoso, #OMaisVisto, #FutebolRaiz. Seriam finas ironias, se essa fosse a real intenção.

A falta de comando é o principal problema do futebol brasileiro há tempos. Hoje, os torneios não são de ninguém; não há nenhum zelo com o futebol como produto. Entre os clubes, há um espírito de cada um por si, como deixaram claro Vasco e Fluminense, sem nenhum compromisso com a sustentabilidade do negócio como um todo.

Enquanto isso não mudar, as cenas de domingo poderão ser repetidas livremente, sem preocupação com consequências em longo prazo.

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