Análise: Doping de Sharapova mancha uma carreira brilhante

Tensão na última segunda-feira. Especulava-se que Maria Sharapova iria anunciar aposentadoria precoce aos 28 anos. Para satisfação dos fãs, isso não aconteceu. Para tristeza deles, a tenista russa anunciou que havia sido flagrada no exame antidoping.

Flagrada para meldonium (também conhecido como mildronate), Sharapova sentiu os efeitos da notícia em poucas horas. Nike, Tag Heuer e Porsche suspenderam seus contratos com a estrela. A Head, por sua vez, decidiu dar um voto de confiança à tenista.

Conhecido remédio para tratar problemas de má circulação sanguínea, o meldonium é fabricado na Letônia desde os anos 1970. A droga é proibida pela FDA, órgão dos Estados Unidos que controla remédios e alimentos. Também não está autorizado seu uso no Brasil.

Em 2014, o Instituto de Bioquímica da Universidade de Esporte Alemã de Colônia detectou que 17% das amostras de urina de atletas russos possuíam um metabólito desconhecido em comum. No mundo inteiro, essa proporção caía para 2,2%. O estudo científico provou que “a droga proporciona uma melhoria na resistência dos atletas, auxilia na recuperação após os exercícios, protege do estresse e melhora a ativação do sistema nervoso central”.

Ciente disso, a Wada já havia anunciado em setembro que o meldonium entraria na lista de substâncias proibidas para 2016. A nova relação de drogas vetadas passou a valer a partir de janeiro. Fica difícil acreditar na versão de Sharapova que não leu o e-mail da Wada e ignorou a questão por longos quatro meses.

Como alguém com um grande staff por trás, e acompanhamento médico e físico minucioso, pôde ignorar uma determinação dos controles antidoping?

Sharapova é hoje uma indústria que gerou faturamento de US$ 23 milhões apenas em publicidade no ano passado, segundo a revista Forbes. Era de se esperar que alguém de sua equipe fosse incumbido de cuidar de um valor básico do esporte: a igualdade de condições entre os atletas.

Apesar do case de sucesso da adolescente que venceu nas quadras, o doping representa sim uma grande mancha na carreira da tenista.

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