Análise: Doping não pode apagar história de Sharapova

Um antigo comercial da Nike resume bem o que representava Maria Sharapova no esporte. No vídeo, a tenista saía do hotel em direção a uma quadra, para disputar um torneio. No caminho, todos cantavam “I feel pretty”, tema do musical de West Side Story. No percurso, a tenista jamais perdia a concentração. E, ao rebater a primeira bola na quadra, com a característica força, todos se calavam e reverenciavam uma das melhores atletas da atualidade.

Sharapova é um ícone feminino no esporte. Beleza e elegância nunca ficaram no caminho de sua seriedade, concentração e talento. No alto de seu 1,88 metro de altura, a tenista reflete confiança, por vezes confundida com arrogância.

Fora das quadras, soube aproveitar como poucos o status de ídolo. E nunca foi por acaso. Quem trabalhou com a russa nos bastidores do Gillette Federer Tour, aqui no Brasil, sabe que Maria não é especialista em sorrisos e afagos longe da câmera. Nada de mau trato ou estrelismo, muito pelo contrário. Profissionalismo sempre esteve em evidência com Sharapova.

Isso pode ser jogado fora pelo o que aconteceu nesta semana. Sharapova errou e tem que ser punida por isso. Mas seu erro foi usar algo que era liberado há menos de três meses. Ela não pode ser colocada no mesmo pedestal de Lance Armstrong.

Considerando o quanto é perverso o peso de um doping no esporte, é compreensível a decisão das empresas. Mas, pessoalmente, o semblante da loira de 17 (!) anos ao sacar para um match point na final de Wimbledon de 2004, contra a maior tenista de todos os tempos, jamais será esquecido. 

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