Análise: Dryworld não pode ignorar seu próprio consumidor

É difícil discordar de quem diz que a apresentação do uniforme do Atlético-MG tenha sido machista. Quando se lê a etiqueta da camisa, “entregue para a sua mulher” lavar, fica claro que essa é uma diretriz da empresa. Ou, como ela afirma, uma “brincadeira”. Ok, não será questionado aqui o quanto o posicionamento é opressor pelo lado ideológico, mas sim o quanto é estúpido em termos de mercado.

A conta é simples: segundo o Ibope Repucom, 35% dos “superfãs” de futebol, nome dado pelo instituto a quem acompanha de fato o esporte, é mulher. Isso, claro, varia de clube para clube. Nesta semana, o marketing do flamengo celebrou à Máquina do Esporte o fato de que o número de torcedores do time já está quase dividido entre os gêneros.

 

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Fundamental nessa história: a mulher consome, ou tem potencial para consumir, tanto quanto o homem quando o assunto é futebol.

É claro que, na prática, o evento do Atlético não deve ter sido notado como uma ofensa pela grande maioria do público. Como o próprio o clube afirma, “todo ano é assim”. Mas não precisa ser um especialista em marketing para saber que não ser notado por 35% de seu público não é um bom negócio.

A ideia de que “futebol é pra homem” não só está ultrapassada quanto ela representa um problema: cada vez que ela é aplicada, fecha-se uma porta para o mercado feminino. Grandes marcas esportivas pelo mundo têm se especializado em dialogar com a mulher. Não por acaso, Gisele Bündchen é o rosto da Under Armour. Unir esse apelo com o futebol é um passo natural. Separá-los é pura estupidez.  

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