Análise: É necessário mudar para tudo continuar igual

Em “O Leopardo”, Dom Fabrizio (Burt Lancaster), tenta manter o antigo modo de vida da aristocracia decadente mesmo com a ascensão da burguesia na Itália de Garibaldi. A solução para isso foi o casamento do sobrinho Salina (Alain Dellon) com Angélica (Claudia Cardinale), filha de um rico comerciante. Mudar para tudo continuar igual.

Joseph Blatter deu, na última sexta-feira, mais uma vez, uma lição de que os ensinamentos do filme de Luchino Visconti, baseado no romance de Giuseppe di Lampedusa continuam a ser aplicados.

“Não podemos deixar isso continuar.”

“Sou um homem de fé. Deus, Alá, qualquer um, nos ajudará a trazer de volta a Fifa para o lugar onde deveria estar.”

Não, as frases acima não foram ditas por Ali Bin Al Hussein, príncipe da Jordânia e candidato opositor. Saíram da boca de Blatter, em seu discurso de agradecimento após conquistar o quinto mandato à frente da entidade. Ele está há 17 anos no poder.

O presidente da Fifa passou incólume, pelo menos até aqui, sobre o maior escândalo da história da entidade, na qual oito de seus mais altos dirigentes acabaram presos. Resta saber se terá credibilidade para acalmar patrocinadores, pacificar dissensões internas e se livrar de qualquer relação com as irregularidades que teimam em bater à porta da presidência.

Uma lição, porém, já foi aplicada: o afastamento imediato de todos os investigados. Afinal, é necessário mudar para tudo continuar igual.

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