Análise: Em uma geração, Brasil pode perder preferência de torcida

O futebol europeu deu mostras de seu poder no Brasil, com a divulgação de que a audiência da final da Liga dos Campeões foi superior às transmissões dos clássicos em SP (São Paulo x Palmeiras) e Rio (Fluminense x Botafogo), no último fim de semana.

Alguns afirmam que o duelo entre Real Madrid x Atlético de Madrid, por ser uma final, era mais atraente do que os clássicos regionais pelo Brasileirão. Verdade só em parte. Apesar de transmitidos no mesmo horário, o confronto europeu foi no sábado, dia em que normalmente o share (número de TVs ligadas) é mais baixo devido ao grande número de pessoas se distraindo em outras atividades (parque, clube, cinema, eventos familiares etc).

Ignorar o problema é mais uma forma de manter a posição de inércia que grassa no futebol brasileiro. Há alguns anos, times como Manchester United e Barcelona programam atividades no Brasil: clínicas, ativações com patrocinadores, colônias de férias, ações sociais… Boa parte da elite do nosso futebol não promove atividades desse tipo. Os times brasileiros, mesmo com dez títulos em Mundiais no currículo, não têm mercado fora das fronteiras nacionais.

Os games são outra forma de deixar os complicados nomes estrangeiros mais familiares aos jovens. Hoje, é comum ver as crianças trajadas com camisas de Chelsea, Bayern e Juventus no lugar de Corinthians, Flamengo e São Paulo.

Se nada for feito, o Brasil seguirá o exemplo de países da periferia da bola, em que há mais torcedores dos clubes de fora. Triste destino para o país do 7 a 1. 

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