Análise: Empresas ganham importância em momento conservador

O Brasil vive uma onda conservadora, um retrocesso em questões sociais que viveram uma lenta evolução nas últimas décadas. Por isso, hoje cada voz que se levanta para o que é certo ganha ainda mais valor. E isso é um enorme desafio para as empresas.

Talvez o mais confortável seria manter o silêncio nas questões mais polêmicas. Talvez manter-se longe de minorias seja financeiramente mais interessante neste momento. O problema é que, cada vez mais, as marcas têm vozes ativas na sociedade. E, quando se atinge esse status, há uma enorme carga de responsabilidade.

A AccorHotels resolveu usar o esporte para falar sobre diversidade e respeito, com um apoio aberto à causa LGBT. Ela não está sozinha; marcas como Nike, Apple, Coca-Cola, entre tantas outras, já se manifestaram publicamente pela liberdade e pelo respeito às orientações sexuais e às identidades de gênero. Ainda assim, no Brasil de hoje, há um risco.

Fora do esporte, a Avon sentiu de perto a fúria conservadora. Em um vídeo, chamado ‘Repense o elogio’, a marca quebrou os paradigmas sociais que envolvem o papel da mulher, dispensou os estereótipos de gênero que insistem em rondar nosso cotidiano e propôs um processo para chegarmos à igualdade. Porém, mesmo com uma mensagem tão positiva, a campanha sofreu um linchamento virtual.

Fez muito bem a Avon, assim como faz a AccorHotels. Não será uma briga fácil, mas a sustentabilidade de uma marca vai além das contas em dia. Ela passa também por uma sociedade cada vez mais aberta, moderna e progressista. Por que, na prática, as distopias ficam na literatura, e a humanidade sempre evolui. Sempre.   

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