A crise envolvendo o youtuber Júlio Cocielo deflagrou uma nova onda de reflexões sobre o papel do influenciador na reputação de uma marca. Os dias seguintes ao escândalo que derrubou o prestígio de Cocielo com o mercado anunciante se transformaram numa espécie de caça ao passado de vários influenciadores digitais, resultando em novas crises para aqueles que tinham comentários polêmicos dentro de seus perfis em redes sociais, especialmente o Twitter.
A situação mostra que talvez tenhamos entrado na era do pós-influenciador. É o famoso ajuste de contas que o mercado começa a perceber que precisa ser feito. E, muito provavelmente, é também o freio necessário que as pessoas precisam começar a ter em seu comportamento nas redes sociais, especialmente o Twitter, que é uma plataforma de tempo real, em que a pessoa sente uma tremenda necessidade de expor sua opinião sobre o tema do momento.
A construção da imagem dos influenciadores muitas vezes é feita pela dobradinha YouTube (ou Instagram) e Twitter. A pessoa produz conteúdo numa rede e, na outra, expõe sua opinião por meio de comentários. Com uma exposição frenética, elas vão criando uma legião de milhões de seguidores, dos mais variados espectros.
A fórmula funcionou muito bem, obrigado, até pouco tempo. E ainda funciona. Mas começa a ser repensada depois que diversos desses influenciadores passaram a ter o passado de postagens polêmicas resgatado pelos próprios usuários da rede, que então questionam os patrocinadores.
Só a partir daí que as marcas começam a ver que talvez aquele influenciador não lhe sirva. E é a partir daí que começamos a caminhar para um novo futuro nessa relação. É preciso ter critérios muito mais profundos do que o número de seguidores ou o alcance que uma determinada pessoa tenha nas redes para investir num influenciador.
Não adianta contratar para uma ação, ou até mesmo para ser um embaixador da marca, uma pessoa que tenha um vasto alcance, mas pouquíssimo conteúdo a agregar.
Para ser um influenciador de fato, é preciso formar opinião. E isso passa por uma mudança na função desses influenciadores. Mais do que disseminadores de opinião sobre qualquer tema, eles precisam ser produtores de conteúdo que façam sentido para as marcas e para as pessoas. É isso que vai gerar empatia com o consumidor e dar resultado. Do contrário, todos vão entrar no mesmo balaio. De serem engraçadinhos (ou de tentarem ser) sem ter um conteúdo que dê um real suporte a esse status.