Análise: Erro jornalístico não pode ser corriqueiro

Quando na quarta-feira soube, através de uma amiga, que a Jamaica havia perdido o ouro no revezamento 4 x 100 m na Olimpíada de Pequim 2008 por doping, corri para a internet para buscar mais detalhes. Afinal, a desclassificação dos jamaicanos geraria um bronze para o Brasil, quarto colocado na prova.

Lembro de ter trabalhado naquela noite no estádio do Ninho de Pássaro. E de me impressionar com o tempo de 37s10. Era uma marca 0s30 mais rápida do que o recorde mundial anterior, que acabara de completar 15 anos em poder dos EUA. Usain Bolt conseguia seu terceiro ouro com o desempenho mais fantástico que já vi um atleta mostrar nos Jogos Olímpicos.

Todos os sites de informação que consultei cravavam o bronze do Brasil. Fui então à origem da história: o comunicado do COI, que remetia a um documento de 21 páginas no qual listava todo o processo que culminou na comprovação do doping do velocista Nesta Carter, companheiro de equipe de Bolt.

Pois bem: em nenhum momento a entidade confirmava a medalha do Brasil. Nadica de nada. Na ânsia de noticiar antes do concorrente, toda a imprensa embarcou em uma simples ilação.  

No tempo do jornalismo pós-verdade, que impõe a rapidez sobre a exatidão, parece que um simples erro pode ser encarado como algo corriqueiro. No entanto, quando se torna prática, é hora de repensarmos o fazer jornalístico. Para o bem de nossos leitores.

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