Algumas reportagens publicadas ao longo desta semana evidenciam que há um temor no Brasil pelo risco de termos um abismo técnico no futebol proporcionado pela divisão desigual de receitas entre os clubes, impulsionada pela cota da televisão.
Acontece que a tal “espanholização” do futebol brasileiro é vista como um movimento sem volta desde 2012, quando os clubes passaram a negociar individualmente os seus contratos com a televisão. E, desde então, o que acontece é que os clubes que mais ganham da TV não conseguiram ser os donos da melhor performance dentro de campo.
O risco de que tenhamos um torneio poralizado entre os clubes de maior receita é pequeno, especialmente porque não há hoje uma gestão eficiente dentro dos clubes. Os times que mais arrecadam gastam de forma mais ineficiente o seu dinheiro. Assim, toda vantagem competitiva que o poder econômico traria se esvai. Alexandre Pato talvez seja a personificação desse exemplo.
Dessa forma, o contrato de TV negociado individualmente só é ruim por gerar muito poder para a mídia e pouco para o futebol. Os clubes, ao negociarem de forma coletiva, sempre têm mais poder de barganha e negociação no contrato. No jogo do “cada um por si”, o poder econômico de quem compra os direitos vai falar mais alto em qualquer dividida.
Melhor do que se falar em risco de “espanholização” no futebol brasileiro é discutir porque os clubes entregaram para a mídia todo o poder de decisão que poderiam ter sobre seu produto. Isso explica muito do atraso do futebol brasileiro hoje.