Análise: Espírito olímpico passa longe de torcida

A briga entre brasileiro e argentino na arena do tênis foi só mais um episódio fruto do tenso comportamento dos torcedores pelas arquibancadas no Rio de Janeiro. O que as Olimpíadas nos mostram, até agora, é mais um pouco do jeito deturpado de torcermos.

Fomos ensinados, desde o berço, a torcer pelo país, não pelo esporte. Nas emotivas transmissões pela TV, sempre somos estimulados a ver no oponente um inimigo, não um adversário.

E isso fica evidente ao vermos como nos comportamos nas arenas. Outro dia, no basquete, os torcedores da Lituânia eram vaiados toda vez que tentavam empurrar seu time. Na lógica de intolerância do torcedor brasileiro, em vez de fazer mais barulho e incentivar nossos atletas, temos de proibir o direito de torcer do nosso visitante.

O comportamento assusta quem não está acostumado. Tanto que já há reclamação sobre o agressivo comportamento de nossos torcedores com os atletas que enfrentam os brasileiros.

Curiosamente, não tivemos o mesmo tipo de comportamento com os ídolos mundiais que aqui estão. Nas piscinas, a torcida por Phelps chegou a assustar o próprio nadador. No tênis, Djokovic disse só ter visto apoio parecido quando atuou na Sérvia. Mas temos de aprender, com os Jogos, que torcer é valorizar nosso atleta, em vez de querer aniquilar o rival.

O espírito olímpico ainda passa longe das arquibancadas no Rio. Temos de, obrigatoriamente, aprender a valorizar mais o esporte, não só o Brasil.

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