Análise: Esporte brasileiro não pode se calar diante da causa dos refugiados

Há exatamente uma semana, a imagem do corpo do menino sírio Aylan Kurdi, três anos, em uma praia turca comoveu o mundo. Em uma reação imediata à situação precária dos refugiados, o esporte iniciou uma série de campanhas de auxílio àqueles que conseguiram cruzar as fronteiras para tentar a sorte em outros países.

O Bayern de Munique, além de dinheiro, ofereceu um de seus centros de treinamento para os sírios. O Comitê Olímpico Internacional anunciou a doação de US$ 2 milhões. A Roma leiloará uma camisa autografada pelo ídolo Francesco Totti e designará a verba arrecadada à causa. Na Liga dos Campeões da Europa, € 1 de cada ingresso vendido também será destinado aos refugiados da guerra. Esses são apenas os casos mais emblemáticos entre tantas ações solidárias isoladas mundo afora.

Enquanto isso, o esporte brasileiro se cala. Nenhuma iniciativa divulgada no país que mais recebe refugiados sírios no continente. O povo conhecido mundialmente por seu altruísmo tem espaço para quem defende que o Brasil tem a sua própria guerra de fome, de insegurança, de meninos Aylans espalhados do Oiapoque ao Chuí. E, assim, a responsabilidade social tão inerente ao esporte é jogada para debaixo do tapete numa inexplicável crise egocêntrica.

Ainda há tempo para mudar o cenário. Tempo para mostrar solidariedade e compaixão. Não se trata de oportunismo, mas de olhar para além do próprio umbigo. A causa é global. Afinal, não são poucas as histórias de sucesso no esporte – como a do astro da NBA Luol Deng, que deixou o Sudão – que começam com um capítulo semelhante ao do pequeno Aylan. Só que com um final feliz.

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