Análise: Esporte deveria se manter longe do jogo político

Nike apresentou a reforma de uma quadra pública em São Palo. Para exibir a iniciativa, chamou seus principais atletas. Mas o evento não foi só da marca, ele foi um palanque político para o prefeito de São Paulo e provável presidenciável em 2018. “Viva a Nike! Viva São Paulo! Viva o Brasil!”, chegou a exclamar João Dória Júnior.

O político, por sinal, estava inteiro vestido de Nike. Ao seu lado, abraçado, estava Ronaldo, que disse que Dória fazia um trabalho “histórico” em São Paulo.

Poucos representam tão bem o constrangimento de uma associação política. Ronaldo chegou a vestir a infame camisa com a frase “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”. Amigo do senador, o ex-jogador sabe bem o abalo de imagem que o posicionamento pode causar.

O que Ronaldo faz ou deixa de fazer é um problema dele, mas uma das maiores marcas do mundo não pode se colocar nessa situação. Infelizmente, a integridade de um político no Brasil é imprevisível, e a associação pode gerar uma crise absolutamente desnecessária.

Questionado pela Máquina do Esporte sobre o levante político no evento da empresa, o diretor de comunicação da marca, Felix Ximenes, foi direto: “A Nike é apartidária e apolítica. Nós estamos aqui entregando um campo. Os agentes que estão conosco têm agenda própria. Nós não controlamos isso e não queremos controlar”.

A Nike, claro, não deve ficar longe de projetos. Mas, dessa maneira, deverá sempre ponderar se vale a pena ter um político que age como um embaixador da marca.

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