Análise: Esporte é culpado pela ausência de mulheres em ranking

Não há mulheres entre os cem atletas mais bem pagos do mundo, e a própria organização esportiva é responsável por isso. Não há, hoje, um esforço verdadeiro para equiparar os dois gêneros o que, por consequência, afasta também a atratividade das disputas femininas. É um ciclo que ficou confortável para a indústria, com pouca alteração nas últimas décadas.

Para além da questão social, o modo como as mulheres são deixadas de lado no esporte interfere no envolvimento do público feminino o que, caso alguém não se lembre, representa mais da metade da população mundial. Para que essa parte se sinta mais compreendida pelo segmento, representatividade, como sempre, é fundamental.

E apontar para a falta de esforço da indústria não é exagero; poucas modalidades representam tão bem isso quanto o tênis. Basta lembrar que, em 2017, o CEO de Indian Wells, Raymond Moore, afirmou que as tenistas eram “sortudas” por contarem com o sucesso dos tenistas homens. No mesmo ano, o ATP Finals achou razoável fazer com que modelos tirassem parte da roupa durante o sorteio de chaves. E a própria mídia sempre objetivou as tenistas. É um ambiente historicamente misógino.    

Curiosamente, nesta semana, antes do lançamento do ranking da Forbes, o presidente da Fórmula 1, Chase Carey, falou sobre o assunto em coletiva. Desde que assumiu o comando da competição, a agência Liberty Media tem tomado um cuidado especial com o público feminino. O objetivo, claro, é ampliar o alcance das corridas.

Para Carey, o que falta à Fórmula 1 é justamente a representatividade de profissionais femininas. “Se pudermos criar mais visibilidade, mais oportunidades para as mulheres verem outras mulheres competindo e se engajando em esportes, talvez isso crie interesse”, afirmou.

Segundo o executivo, um dos planos da organização é abrir cada vez mais as portas para que mulheres estejam presentes nas pistas, tanto nos bastidores quanto no protagonismo entre os pilotos. Naturalmente, isso atrairia o público feminino e o ciclo poderia ser invertido.

O importante é que há a ciência da necessidade de um esforço para a inversão do que acontece hoje. Vai da exclusão das Grid Girls à necessidade de incluir mulheres no primeiro escalão, com decisões que nem sempre serão fáceis, pois nunca é simples quebrar o status quo.

No cenário atual, o natural é não haver mulheres protagonistas. E não há uma única pessoa no esporte que ganhe com isso.

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