O problema não é só brasileiro. O esporte, no mundo todo, depende – e muito – do dinheiro público. O que muda, de um país para o outro, é a forma como essa dependência se manifesta no desenvolvimento das modalidades e no número de praticantes.
Londres 2012 representou uma bolha de investimento no esporte na Inglaterra. Nunca as outras modalidades além do futebol viram tanto dinheiro sendo injetado em seus esportes como nos dez anos que duraram o ciclo.
Por aqui, o esporte “olímpico”, que sempre foi financiado pela verba pública, teve mais grana de 2009 a 2016.
Somos um país em que as empresas estatais têm maior peso na economia. E que, por isso, têm mais verba para investir esporte. Isso gera uma bolha no mercado brasileiro. Há muito mais dinheiro no vôlei, no tênis, no judô, etc. do que em qualquer outro país.
Mas como essa verba é empregada?
A dependência que enxergamos do investimento estatal no esporte se dá por total incompetência em gerir o dinheiro que entra em nossos caixas.
Em vez de promover a prática do esporte para, na ponta final, faturar no alto rendimento, seguimos o caminho oposto. Até por pressão do COB e da mídia, o esporte gasta onde há performance. E negligencia aquilo que faz do Brasil o país do futebol, que é o enorme número de praticantes.
Para depender menos da verba pública, é preciso usar o dinheiro que entra no desenvolvimento do esporte, não na fabricação de performance.