Análise: Esporte precisa se apropriar de segunda tela

Desde a popularização da banda larga e das redes sociais que o esporte convive com a segunda tela. É justamente em eventos desse tipo que ela ganha mais força, como diversas pesquisas comprovam, com o aumento de interações durante finais de campeonato e jogos importantes. Até então, o esporte ficava oficialmente à parte desse universo, mas isso tem mudado.

O problema é que a segunda tela ganhou protagonismo e, agora, é agente atuante no mercado. E, para o esporte e para a mídia esportiva, ter esse segmento flutuando entre os torcedores, sem um dono claro, pode gerar uma complicação.

Um bom exemplo aconteceu na Copa do Mundo, quando a ESPN fez da prática o principal investimento. Sem os direitos de transmissão, a emissora ganhou audiência com conteúdo em “real time”, por streaming. A segunda tela criada pelo canal chegou a reunir mais gente do que concorrentes que de fato exibiam as partidas do Mundial de seleções da Fifa.

Outro exemplo é do quanto Facebook e Twitter passaram a ter direitos de transmissão. Nesse caso, a mídia paralela acabou se transformando na mídia principal. Basicamente, a segunda tela virou primeira. E com a vantagem de já contar com a “conversa paralela”.

Por isso, a iniciativa da organização da Copa do Brasil é um passo bastante significativo do mercado. É a primeira vez que, de modo intensivo, um agente do esporte tomou rédeas da segunda tela no Brasil. Ele é dono do produto e, portanto, ele será dono do melhor conteúdo que poderá ter um meio alternativo. O que há de melhor para um celular ou tablet pertence também ao evento e aos seus patrocinadores.

É algo que tem demorado para acontecer, na verdade. A Globo, por exemplo, dá pouca atenção a isso em suas transmissões. Não seria um problema se não houvesse concorrência direta, o que não havia no passado. Agora, o cenário é diferente: a emissora perdeu a Liga dos Campeões para o Facebook, o antigo figurante das transmissões esportivas. Hoje, é mais um grupo de mídia no segmento.

O negócio do esporte é como o gerenciamento de uma grande sala. Ele ganha ao gerar as imagens da televisão, com a presença das pessoas, com a distribuição de comida. Agora, há um fato novo, uma necessidade nova: gerir as conversas das pessoas. Cada vez que um diálogo se perde, é uma oportunidade que vai embora. A segunda tela era quase uma atividade pirata no meio esportivo, mas isso deverá acabar.

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