Análise: Esporte tem diversos braços para o Estado

O esporte não é uma prioridade para o novo governo. A frase já foi dita algumas vezes por pessoas próximas ao Governo Federal e parece ser levada a sério nos bastidores de Brasília. Há, no entanto, um erro básico na estratégia: entender o segmento como um único bloco, sem diferenças.

As medidas que deverão afetar diretamente o esporte estão divididas nas mais distantes categorias e, por isso mesmo, não podem ser descartadas todas com a mesma justificativa. De repente, o Estado resolveu “vilanizar” todo um mercado que deveria ser peça para o desenvolvimento social, educacional e econômico do país.

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Rever algumas práticas é, de fato, importante para que sejam evitados desperdícios de recursos. O Bolsa Atleta, cortado no apagar das luzes do Governo Temer, pode ser um bom exemplo. Qual é o ganho coletivo quando um atleta de alto rendimento é pago pelo Estado? É difícil mensurar esse retorno. Não há ganhos sociais claros, nem mesmo o desenvolvimento de um mercado. Talvez uma medalha de ouro seja algo demasiado caro para um país pobre.

Mas o projeto não pode ser equiparado a tantos outros que envolvem a Lei de Incentivo ao Esporte. Além da promoção de desenvolvimento social, a iniciativa coloca luz sobre negócios que não existiriam sem o abatimento de impostos. É o mesmo problema que vivem alguns dos projetos da Lei Rouanet: a formação de um mercado desenvolvido, mas sem força própria. No fim das contas, o Estado arrecada mais com o segmento de forma geral.

Por fim, em outra categoria, estão os patrocínios de empresas estatais. Há em alguns setores da população a crença de que essas marcas deveriam fazer aportes apenas com apelo social. Mas ignora-se o fato de que as companhias estão em um livre mercado. É o caso da Caixa, que resolveu ser agressiva no futebol em um momento em que Itaú, Bradesco e Santander já estavam posicionados no esporte. Os patrocínios surgiram como forma de aproximação com o público, em especial com os mais jovens.

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Se a decisão é meramente mercadológica, não há nenhuma razão para condenar os patrocínios de estatais. O argumento, no entanto, se perdeu ao longo dos últimos anos, quando políticos fizeram do aporte da Caixa a times locais uma plataforma de autopromoção. Uma prática que ajudou a manchar a iniciativa do banco.

O Estado não pode simplesmente chutar o esporte, tanto para fins educacionais quanto econômicos. A solução, como sempre, é o maior profissionalismo possível.

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