Análise: Estaduais precisam ter racionalidade no calendário

Sejamos racionais. Qual é o espaço que deve ser dado aos Campeonatos Estaduais dentro do calendário do futebol? Qual é a atratividade que os Estaduais possuem hoje para o torcedor que tem de dividir o tempo de lazer com várias outras atrações e, também, competições esportivas de alto nível do exterior?

Nesta quarta-feira (4), comandei a moderação do painel sobre as organizações de campeonatos nacionais e locais dentro da Brasil Futebol Expo. Ao lado dos diretores de competições das principais entidades do país, discutimos qual é o papel de cada uma delas no desenvolvimento do futebol do profissional até as categorias de base. E uma das conclusões óbvias foi a de que essas instituições precisam de uma competição principal que atraia torcedores, mídia e patrocinadores, para custear a organização de torneios menores, fundamentais para o crescimento do futebol, mas inviáveis do ponto de vista racional dos negócios.

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O Campeonato Brasileiro da Série A e a receita obtida pela CBF com a exploração comercial da imagem da seleção brasileira são vitais para bancar torneios de base e as outras divisões do futebol brasileiro.

Quando descemos esse debate para os Campeonatos Estaduais, a lógica permanece. Seja o Paulista, Mineiro, Carioca, etc. É o torneio principal que vai bancar todo o desenvolvimento de competições de base e divisões estaduais inferiores.

O problema é que será que existe espaço para tantos clubes, tantos potenciais atletas e tantas competições como havia antes, quando era bem menor o abismo financeiro entre o futebol profissional da Primeira Divisão e as demais divisões?

Não precisamos acabar com os Estaduais. Mas também não podemos fazê-los seguir no nosso calendário apenas para dizer que eles não podem acabar. Isso prejudica a ponta de cima da tabela, que é o clube que disputa a Série A, a Libertadores ou a Sul-Americana. Esses são os torneios que impulsionam a indústria do futebol.

Quando a Globo pede para as federações padronizarem os Estaduais, ela olha o que pode ser mais atrativo comercialmente para ela e, consequentemente, o que pode, assim, conseguir dar mais fôlego financeiro ao futebol dos “pequenos”, a partir do impulso dos grandes. É uma lógica de distribuição de riqueza que não existe dentro da sociedade e que funciona muitíssimo bem nas ligas americanas.

Os Estaduais não precisam acabar. Mas o apego emocional a esse campeonato não pode ser suficientemente forte para levá-lo ironicamente à falência.

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